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terça-feira, 4 de maio de 2010

BLOGANDO SOBRE O DIA EM QUE NÃO PRESTEI ATENÇÃO NA AULA DE TAÍS FERREIRA

O MACACO ESTÁ CERTO? ÀS VEZES ME CONFUNDO... NÃO SEI QUEM É O HOMEM E QUEM É O MACACO
(O título foi inspirado no livro A REVOLUÇÃO DOS BICHOS de George Orwell ) sobre a revista viva

Agora com apenas R$1, 49 a grande maioria das feiosas, gorduchas e sonhadoras podem, pelo menos, conhecer a vida maravilhosa e glamorosa das mulheres das capas de revistas e o que essas mulheres fazem para ficarem turbinadas e gostosas, mas é necessário salientar que beleza implica demandas como acessórios chiques a partir de R$ 5,90. Depois de ficarem gostosas poderão ler a sessão que conta as 8 posições que os homens mais gostam na cama, afinal o macho predador da espécie humana evoluiu, ele não quer somente a beleza vendida na capa da revista, é preciso mais, é preciso conteúdo, inteligência, uma inteligência sexual, é claro, fartas doses de criatividade, não basta “papai-mamãe”, “69”, “y duplo”, “canguru perneta”, “cavalinho”, “escorregador”, “tobogã” ... é preciso mais, é preciso “chicote, algema e cinta-liga”, a mulher moderna tem de ser carinhosa, violenta e independente, preparada física e emocionalmente, afinal vivemos em uma sociedade em que os valores preservados são beleza, saúde e juventude. E, vamos combinar, é muito fácil ser bonita... é só comprar a revista e seguir direitinho tudo o que ela ensina: 11 pílulas que turbinam a beleza, que acabam com celulite, espinhas, manchas e flacidez, como perder 5kg em 10 dias, como eliminar a fome e a barriga, o iogurte mágico com lactobacilos vivos, a granola e barrinhas de cereal.
Depois de ler a revista, senti falta de acreditar em magia. Seria tão mais simples se eu fosse ao banheiro, ficasse nua e olhasse para a minha barriga e gritasse: sai barriga, este corpo não te pertence... Sonho, apenas sonho e estou longe de me chamar Calderon. Decididamente... a vida não é sonho... para a grande maioria é um pesadelo com o qual já se acostumaram.
Comecei a me sentir a mulher mais rica do mundo quando meu pai comprou um chuveiro ( frio ) e uma televisão... eu era menina ( e isso não faz muito tempo... é incrível como o tempo custa a passar para pessoas alegres, simpáticas, extrovertidas e “modestas” que fazem de suas tragédias pessoais uma ponte para a grande comédia do autoconhecimento...). Onde parei mesmo? Ah, quando menina eu assistia ao programa PLANETAS DOS HOMENS, que todos devem conhecer, porque, insisto, não faz tanto tempo assim... então... havia uma imagem que nunca me saiu da memória: um macaco descascando uma banana e, de dentro, saía uma linda mulher e tudo que eu mais desejava era ser a mulher que saía de dentro da casca da banana. Eu buscava em todas as revistas mecanismos que me tornassem bela como a moça que saia de dentro da banana. Era a nossa primeira televisão... a televisão era a maneira que aquela menina (que , insisto, sou eu... ) encontrava de sonhar com um mundo diferente onde não figurassem tantos exemplos que não queria que fizessem parte do seu universo. As coisas se confundiam na minha infeliz cabecinha: ora eu queria ser religiosa para acabar com a pobreza dos que ainda eram mais pobres do que a gente e ora eu queria ser a moça que saía de dentro da casca da banana.
É preciso que se compreenda que nossas meninas menos privilegiadas economicamente, ou melhor desprivilegiadas mesmo, não têm muitas escolhas. Suas vidas, seus universos são limitados, estão muito ligados às suas trajetórias e como elas estão se constituindo. As bancas de revistas não enchem os olhos de nossa infância sacrificada com literatura de qualidade e, na falta do que é bom, a necessidade de ser igual aos que são bonitos e bem sucedidos faz com que adquira-se algo desnecessário. Podemos criticar estas meninas? Criticá-las seria estar negando o meu passado. O que é possível fazer é oferecer outras possibilidades.
Não sei como, nem por qual razão acabei me distanciando deste mercado de ilusões, mas de algo tenho certeza: ridicularizar quem lê, não é o melhor caminho.

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