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sexta-feira, 8 de agosto de 2008

PESSOAS QUE ERGUEM BANDEIRAS...

Tenho um certo receio com pessoas que erguem bandeiras, que defendem causas e que se perdem nos seus argumentos, por exemplo: conheço gente que ergue a bandeira do movimento negro e ri de quem não tem dentes, de quem é estrábico ou de quem porta alguma diferença que não é passível de punição na forma da lei quando o indívíduo é citado de forma pejorativa.
Uma judia, grande amiga minha tinha, um caso com um rapaz intelectualmente bem visto na cidade onde eles residiam, passaram uma linda noite de amor até o horário em que o jornal foi entregue na casa da moça. O rapaz, muito intelectualizado, inclusive defensor das cotas para negros na universidade, ao abrir o jornal leu algo que não gostou e , indignado com o autor da coluna esbravejou: “ aquele judeu...” minha amiga, não muito intelectualizada, mas bastante espirituosa fez um afago no seu amado e disse: amor, você precisa cuidar da sua saúde, fazer ginástica, respirar um ar puro e... tomar muito cuidado com o que você come...
País de dois pesos e duas medidas, onde ofender negros é motivo de processo e fazer anedotas de judeus é espaço garantido no jornal, não dá cadeia, nem processo.
Tantas vezes me questiono: Quem sofre mais? O negro, o judeu, o gordo, o homossexual, o portador de gigantismo, o portador de nanismo? Sei que sofrimento não se mede, nem se pesa, cada um sabe o tamanho da própria dor, mas não existe dor maior do que a sensação de injustiça.
Muito me chama a atenção o drama de quem sofre com o sobrepeso. Nada pode ser mais doloroso para uma mulher do que chegar em uma loja e nunca encontrar roupa bonita para pessoas gordas e sempre ter de ouvir das vendedoras que se comportam como cadelinhas adestradas ao repetir a frase que levaram meses para memorizar: A CONFECÇÃO É PEQUENA. É a humilhação garantida e protegida na forma da lei. Às vezes recomendam que a pessoa procure uma loja para GORDINHOS. Por que não falam gordo?. Bem, desconheço termo mais preconceituoso do que GORDINHO. Talvez mais
preconceituoso, ou tão preconceituoso quanto, seja o verbo judiar que é oriundo de judeu. No país da impunidade temos também os locais específicos para os diferentes . É vergonhoso ter uma loja para gordos. Será que terão coragem de criar uma loja para negros , outra para anões? E se tudo for separado? Bar para negros, bar para gordos, bar para anões... Aliás, o negro tem amparo jurídico, mas o gordo não. Se fizer piada de negro lá vem processo ( o que é muito justo ) mas se fizer piada de gordo nada acontece. Em jantares entre colegas de serviço, amigos, se o magro se serve duas vezes ninguém repara, mas se o gordo repete as pessoas se escandalizam e agem como se fosse o gordo o assassino de Isabela Nardone ( até peço desculpas pelo grotesco modo com que me expresso, mas é para ter uma noção do tamanho do escândalo que as pessoas fazem). Em um almoço se o gordo senta à mesa, sempre há alguém para tripudiar: “ é o primeiro a sentar e o último a levantar “, enfim, o gordo por ser gordo já está alimentado para o resto de seus dias. E se a pessoa se lamentar ouve o já batido bordão: É SO FECHAR A BOCA, bordão este que é oriundo de pessoas que desconhecem problemas de ansiedade, depressão, compulsão. Muitas vezes o gordo come suas tristezas, sua solidão, suas derrotas, suas frustrações e paralelo a tudo isso ainda carregam o rótulo do desleixo, da preguiça, da falta de capricho.Só que nem todos os gordos tem condições de fazer acompanhamento psicológico.
O mundo é assim: uns são alto demais, outros são magros demais, outros quando nascem, já são demais. O que eu quero dizer é que não tem de ter movimento pro negro, pro gordo, pro anão, o que é preciso é uma única lei: a lei do respeito e da justiça. Mas não temos isso. Temos sim ,muita gente ganhando dinheiro em cima deste ou daquele movimento, gente se aproveitando da fragilidade dos outros para passar uma imagem nobre e fidedigna e disto tirar muito proveito. Eu não tenho dívida com ninguém, mas se a palhaçada continuar posso criar: quero cotas porque o povo magro tem uma dívida comigo pelos anos de humilhação na minha adolescência e na adolescência dos que me antecederam porque eu era chamada pelos meus coleguinhas de MUSA DO RENASCIMENTO em função dos quilos a mais que carregava e quero que multem os meus pais por não me alimentarem de forma adequada , sendo eles também culpados de todos os meus fracassos. E SEGUE O BAILE...