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sexta-feira, 29 de maio de 2009

Blogando sobre Peter Brooke

SOBRE “ AS ARTIMANHAS DO TÉDIO”

O texto de Peter Brook é muito útil para o ator que, quando se percebe com vontade de atuar, fica confuso diante das supostas limitações que as idéias pré- concebidas impõem ao fazer teatral. Ao ler o texto, reportei-me ao meu frágil e precário início de vida no teatro. Recordo que ficava imaginando como fazer teatro em São Lourenço, afinal não tinha palco e nem iluminação. Nesse momento de minhas divagações, a Secretaria de Cultura da cidade, trouxe para nossa comunidade o espetáculo EM NOME DE FRANCISCO , cujo diretor era o Válter Sobreiro. Era a primeira vez que eu ia assistir uma peça “ de verdade “, eu tinha 21 anos ( não sei como, mas já realizava montagens no palquinho da escola com os alunos... devo ter feito muita besteira, mas, mesmo assim, ainda mantenho contato com alguns desses alunos que achavam tudo aquilo O MÁXIMO ). Observei o diretor do trabalho, o Válter, montando uma pequena elevação de madeira no Clube Comercial da cidade e estendendo panos que funcionariam como cortinas. Eu estava maravilhada estupefata. Ele estava construindo o palco ( e eu estava apavorada com a ideia de ter uma peça sem palco). Hoje eu sei que qualquer espaço nu pode ser terreno para um belo trabalho de teatro. Sei também que a ausência de cenário faz com que o ator tenha de trabalhar mais , a fim de que o público enxergue o universo invisível proposto pelo trabalho a ser encenado.
Quanto ao corpo: em uma sociedade que prima pela magreza, o teatro possibilita a polinização da idéia de que o importante mesmo é ter um corpo saudável, um corpo em movimento, um corpo em ação e não necessariamente aquilo que os veículos de comunicação chamam de bonito.
Outro aspecto que chamou a minha atenção foi a verdadeira dificuldade do teatro que vai bem mais além do espaço: manter a platéia atenta, não deixar esse público desmotivado: é a centelha de vida que tem de estar presente em cada palavra e todo o tempo. Quando estamos ensaiando na minha escola, o melhor termômetro referente à vida do trabalho está na janela. Se os alunos estão pendurados, hipnotizados, então, estamos no caminho certo, se eles se dispersam... bem... precisamos melhorar alguma coisa. Segundo Peter Brook... hora de sacudir e espantar o tédio, ou seja, trabalhar mais e melhor.

Fiquei refletindo acerca do título do : A PORTA ABERTA. Realmente, quando nos libertamos da idéia de que temos de ter luzes, holofotes, figurino, cenografia, auditório então estamos com A PORTA ABERTA para deixar a imaginação entrar, sair e fazer o seu trabalho,de forma consciente, com técnica e domínio do conhecimento ( o ator profissional ) ou podemos fazer brotar de forma instintiva ( o amador) . De qualquer forma estaremos sempre com A PORTA ABERTA e não nos deixaremos seduzir por artimanhas que nos farão cair na armadilha do tédio.

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