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sábado, 29 de maio de 2010


APRENDIZ DE LOUCO OU... O DIA EM QUE COMI MEU PSIQUIATRA...
















O psiquiatra era tão


previsível, tão básico,


tão monótono que


falara ao pobre


aprendiz de louco


estas coisas


que qualquer louco sabe:


complexo de Édipo


transferência,


mal da filha mais nova.


O louco queria mais:


queria síndrome do pânico


transtorno alimentar,


transtorno de personalidade


ou , quem sabe, bipolar,


medo do escuro,


pesadelo,


tristezas sem motivo.


O louco só não queria


uma consulta que


não valesse a pena.


Sorriu um sorriso


irônico e fosco e tosco


que é peculiar a todos os loucos...


Doutor... eu sou louco,


mas não sou burro...


Foi então que o aprendiz


de louco esfaqueou o terapeuta e, com a arte


dos açougueiros, que precisam


que os clientes não associem


a carne a algo que foi


vivo um dia, foi promovido


a louco mesmo.






Na hora do enterro o

doido tocava flauta e ouvia

música clássica ao mesmo

tempo. Dizem os normais

que dos pedaços daquilo que um

dia foi um médico,exalava cheiro de

pétalas de

rosa e cheiro de capim

molhado. Dizem que aquilo

que parecia ter sido a boca

do médico sorria... Mas

ninguém falou em transfiguração

da realidade, nem em realismo fantástico

Alguns acharam

inusitado,

imprevisível (aquilo que

não é previsto, que não é

esperado)

“Mas doutor, não é o

ser humano infinitamente

monótono na sua essência?

O que é que se espera

de um ser humano que

é simplesmente humano?

A natureza do ser humano

é Freudianamente monótona,

caríssimo doutor.








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